Aprender a ser pai

A nossa filha, com seis anos e meio, pediu para rapar o cabelo como o irmão. Nós começámos por ignorar o pedido, como se não fosse a sério. Ela insistiu ao longo de vários dias. Então dissemos-lhe que se após duas semanas ela continuasse com vontade de cortar o cabelo curto, a levaríamos ao cabeleireiro. Subtilmente, começámos a falar de cabelo curto e não rapado. O cabelo rapado era demasiado para nós.

Ela voltou com o tema passado um mês e estava ainda mais convicta. Convencidos de que é importante dar aos nossos filhos o poder de algumas escolhas e a responsabilidade que vem com elas, a mãe levou-a à cabeleireira.

Com a aliança da cabeleireira a mãe tentou encaminhá-la para um corte não muito curto. Ela não se deixou demover, olhou para uma revista e escolheu o corte mais curto que encontrou. Quando cheguei a casa, não a reconheci. Por dois segundos pensei: quem é aquele miúdo que está a brincar na sala? Ela própria se assustou com a sua nova imagem, mas não se queixou. No dia seguinte foi para a escola com o cabelo escondido no capucho. Quando chegou a casa, contou-nos que tinha sido gozada por vários colegas. O meu coração apertou-se. Por momentos pensei que tínhamos cometido um erro ao deixá-la cortar o cabelo tão curto. Respirei fundo e aceitei que já não havia nada a fazer.

Tínhamos corrido um risco, sem sabermos qual seria o resultado. Quando ela contou que tinha sido gozada, mesmo não sendo uma surpresa, senti-me inseguro. A história dela tocava em feridas antigas que me despertavam sensações não agradáveis – vergonha, medo. Sensações que o meu instinto protetor adoraria remover da experiência dos meus filhos. Felizmente tenho aprendido que os meus filhos não precisam de ser protegidos do que sentem, precisam sim de um espaço especial que lhes permita aprender a organizar a sua experiência subjetiva.

O campo organizador

Ser pai é algo muito importante para mim. Eu quero, pelo menos, acertar nisto. Quando os meus filhos nasceram, eu descobri que não estava preparado. Sentia-me muitas vezes angustiado, porque eles choravam e eu não sabia o que fazer. Aconselhava-me com os meus irmãos (quando conseguia pôr o orgulho de lado), lia livros, procurava em fóruns na internet.

Fui percebendo porque é que há quem diga que educar uma criança é o trabalho mais difícil do mundo. Não dá para aprender a ser pai antes de se ser. Ainda por cima, cada criança é diferente. O que funciona para uma, pode não funcionar para a seguinte. Também não ajuda que elas tenham vontade própria e que a maior parte do tempo essa vontade não coincida com a nossa. Ainda por cima, é um trabalho permanente, do qual não nos podemos despedir.

Às vezes parecia-me que educar passava por lhes ensinar as coisas certas. À medida que eles foram crescendo, eu fui compreendendo que o segredo não está no que lhes digo, mas sim em quem eu sou, e como isso se reflete nas minhas ações .

Se eu apanho o lixo do chão que não fui eu que deixei cair, se eu os abraço e os deixo chorar porque perderam um jogo, se eu continuo a amá-los quando lhes dou um castigo, isso será muito mais influente do que qualquer coisa que eu lhes diga.

Esta compreensão levou-me a olhar para a parentalidade como um campo organizador, onde as crianças podem florescer, potenciando a sua natureza. Um campo onde é mais importante permitir do que ordenar. Permitir não significa deixar fazer tudo o que a criança quer. Não é isso a que me refiro. Eu refiro-me a permitir toda a experiência humana que nasce do conflito entre o impulso do prazer e os limites da realidade. A experiência da excitação de brincar, mas também a experiência da desilusão com os pais e com o mundo. Acredito que ser pai é ser parte deste campo organizador que permite que a criança se transforme num adulto capaz de fazer escolhas conectado consigo próprio.

Limites e Amor

Um campo que permite este florescimento necessita de duas qualidades básicas: limites e amor.

Os limites são primordiais no processo criativo de nos criarmos. Phil Hansen um artista que trabalha fora dos limites da tela, disse durante uma Ted Talk sobre criatividade:

“primeiro temos de ser limitados a fim de nos tornarmos ilimitados”

Phil Hansen

Phil desenvolveu um tremor na mão que o impediu de fazer os desenhos que adorava. Ficou devastado, sem um propósito de vida, até que um neurologista lhe fez uma simples sugestão: abraçar o limite e transcendê-lo.

A vida é cheia de limites, a começar pela nossa pele. Ela dá-nos contorno e separa-nos do mundo. Ajuda-nos a compreender que existimos. Sentimos esse limite logo na oposição da parede do útero, nos braços dos nossos pais e até no chão e nas paredes de casa. É nesse desafio que o eixo se fortalece, que a coluna se endireita e ganhamos uma sensação de Eu. Enquanto pais, temos a possibilidade de criar limites aos nossos filhos. Dizer-lhes que não. E ao mesmo tempo ajudá-los a abraçar os nãos da vida para que os transcendam. E isso faz-se através do amor.

O amor traz a possibilidade de aceitação da experiência, em vez da sua repressão. É o amor que permite o riso e o choro, a tranquilidade e a raiva, o deleite e o nojo. O amor traz uma organização que é sustentada para toda a vida.

Se eu permitir que os meus filhos chorem enquanto estão no campo organizador da família, estarei a dar-lhes a possibilidade de aprenderem a utilizar a ferramenta mais poderosa que temos para lidar com a tristeza. Mais tarde, quando forem adultos e se virem perante a perda de algo ou alguém que lhes é querido, poderão fazer o luto, chorar e prosseguir sustentando a tristeza sem que ela os deprima.

Porquê a pulsar?

Ser este campo organizador, que proporciona limites e amor de uma forma harmoniosa, é um enorme desafio para o qual eu descobri não estar preparado. Quando as vontades dos meus filhos começaram a diferir das minhas – o que aconteceu muito cedo quando eu queria dormir e eles não – percebi que tinha um longo caminho até estar em paz com tudo o que sinto, penso e faço. Percebi que havia muitas máscaras que eram funcionais no resto da minha vida, mas que para eles não serviam. Percebi que ser um pai suficientemente bom não era uma questão do que fazia, mas sim uma questão de estar em paz com o pulsar da vida.

O caminho de encontrar essa paz já me levou a abrir muitas gavetas empoeiradas. Gavetas emperradas como a sexualidade e a morte. Muitas mais haverá para abrir. Este blog tem servido como partilha desse caminho de transcender os limites que sabiamente me foram impostos, para que agora adulto possa resgatar o pulsar da minha vida.

Uma semana depois de ter cortado o cabelo, a Sofia estava super confortável com o seu novo visual. Quando lhe perguntava se continuava a ser gozada, ela dizia que sim e encolhia os ombros explicando-me que isso não era nada importante. A sua tranquilidade tornou-se na minha tranquilidade e eu percebi que deixá-la escolher o corte de cabelo não tinha sido um erro – tinha sido uma aprendizagem de vida para ambos, pai e filha.

40 opiniões sobre “Aprender a ser pai

  1. Querido Rodrigo,
    Trazes tantas reflexões à minha vida. Mesmo não sendo mãe aprendo já contigo, faço memória do que é ser filha. Quantas vezes transcendi os limites. Terão os meus pais aprendido alguma coisa comigo?
    Obrigada por tantas viagens e gavetas abertas.
    Abraço apertado*

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    1. Olá Lúcia.
      O teu comentário traz uma dimensão importante para a minha partilha. Todos nós que somos pais e mães, também tivemos pais e mães. Essa nossa relação primordial afeta de formas subtis a relação que temos com os nossos filhos. Podermos olhar para as limitações da relação com os nossos pais a partir de um espaço de amor, é meio caminho andado para trazermos amor para as nossas novas relações.
      É muito bom ter-te a acompanhar esta aventura que é o blog.
      Beijinhos
      Rodrigo

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  2. Como sempre Rodrigo, obrigada pela partilha. Tal como tu, também tenho aprendido muitas coisas com os meus filhos, mas acima de tudo aprendi que é no amor e através dele que conseguimos marcar limites e permitir escolhas, assim como evoluir na relação que com eles.
    Entre guerras ou em tempo de harmonias, só o Amor que vivemos com eles, nos permitirá sermos mais completos e estarmos sintonizados com a Vida.
    Desejo-te muita inspiração neste teu Caminho.

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  3. Tenho para mim que ser pai ou ser mãe, é uma tarefa sempre inacabada pela cada vez mais mutável tarefa de Ser.Mas reitero a dificuldade e a importância do amor e dos limites que com ele nascem. Só quem é muito consciente da tarefa de amar perceciona o valor dos limites.
    O que eu gosto de percecionar é que haja pais com essa consciência, e portanto, antes de tudo, com esse amor, não fosse o amor a coisa mais séria do mundo!

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  4. Mais um grande post. Fantastico como expoes os teus medos que sao os mesmos que todos temos…. fico arrepiado sempre que penso nas vergonhas que os meus filhos podem passar na escola. E tento sempre protege los disso. muita coragem em deixaram a vossa filha tomar a decisao de rapar o cabelo, mesmo que com alguma orientacao :):):)

    continua a partilhar , gosto muito de ler

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    1. Eu também fico arrepiado e com um nó no estômago. Descobri que o caminho não é salvá-los da experiência, mas sim dar suporte para que se consigam organizar sozinhos para deixarem de se importar com as vergonhas.

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  5. Meu caro Dias, gostei deste “artigo”, não só pelo conteúdo, como pela estrutura e sobretudo pela mensagem que veicula. Todos nós aprendemos algo, em cada dia que passa, independentemente da idade… No caso de sermos pais, o mesmo acontece, fundamentalmente através da experiência, que foi o caminho que seguiste, em relação à tua filha. Mas as experiências, como afirmas, e bem, devem ser orientadas por dois factores muito importantes. o AMOR e os LIMITES! Assim sendo, estás a seguir o “caminho” de bom pai. As crianças, tal como os adultos, devem aprender muitas coisas, através da experiência. E é louvável, quando isso acontece, com o consentimento acompanhamento dos próprios pais. O “saber de experiências feito”, segundo Camões é o “melhor saber” humano…É o saber real e não abstracto!
    E por aqui me fico, hoje. No mês de Maio escreveste algo sobre sexologia, mas ainda não li, pois andei o mês “por fora, mas cá dentro”, por terras das Beiras interior e alta e de Trás os Montes, em férias, de auto-caravana. Gostei mesmo muito…Até ao próximo “comentário”. Um forte abraço de amizade.

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    1. Acho que a dificuldade enquanto pai, é aceitar com tranquilidade que a minha experiência é a minha experiência e que não há forma de eu a passar aos meus filhos. No máximo ela poderá servir de inspiração à sua, mas esta terá sempre de ser vivida por eles. E isso por vezes é inquietante.

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  6. Custa-me dizer-te, Rodrigo, que não soube educar os meus filhos. Mas mais me custa dizer que se pudesse voltar atrás, continuaria a não saber como fazer naqueles momentos mais difíceis. Iria cometer erros semelhantes. Um dia, em Bissau, dei comigo a ver como os africanos tratavam os seus filhos: com a máxima liberdade e sem castigos físicos. Mas também na tabanca não havia nada para partir, nem nada para estragar e muitas vezes pouco para comer. Idem para vestir e calçar. Fraldas para quê? Banhos, os da chuva, quando havia, ou na bolanha, numa água pouco recomendável. Ou seja, uma mãe ou um pai, só tinham o trabalho de fazer um filho. O resto do trabalho era com os outros irmãos. E quem não se aguentava, morria com naturalidade. O nosso problema é selecionar as proibições e doseá-las com bom senso. E o que é ter bom senso? É dar a palmada quando ela parece necessária, ou acreditar que essa nunca é a solução? Em muitas situações a verdade está no meio termo. Mas a chatice é que não há meia palmada!
    Abraço
    JG

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    1. Acho que não existem receitas. A discussão da palmada é uma boa discussão, mas no final cada um de nós faz aquilo que lhe é possível. O importante é se aquilo que fazemos nasce de um espaço de amor pelos nossos filhos ou de um espaço de satisfazer as nossas necessidades. Nas Bissaus desta vida, há quem dê liberdade aos filhos, mas esteja presente, e há quem dê liberdade aos filhos porque não quer estar presente.
      De tudo o que tens partilhado, desconfio muito da tua primeira frase.

      Abraço

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  7. Esplêndido texto! Sou mãe, fui (sou) educadora e está aqui muito do que penso e apliquei na minha prática de vida no dia a dia.
    Parabéns aos seus filhos. Têm um pai que “promete”.
    Muito grata por ter partilhado esta pedaço de pedagogia e de amor connosco.

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  8. Adorei o relato que partilhou e concordo perfeitamente com tudo o que diz. Infelizmente só fui mãe de tive gravidezes/parto, tive a felicidade de poder criar/educar um filho, mas partilhei esse papel com os meus “sobrinhos adoptivos” e com todas as crianças de quem cuidei enquanto profissional de saúde e acho que sim é nos limites e no amor que se estrutura o crescimento e o cimentar de uma nova personalidade (uma criança) e os preparamos para enfrentar a vida, o mundo e as suas adversidades.
    Bem-haja pela partilha, continue está no seu caminho.

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  9. Belíssima reflexão,retiro como mensagem principal «Educar pelo exemplo», respeitar para ser respeitado.
    É verdade que as acções valem mais que as palavras.

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  10. Gostei muito deste texto Rodrigo, muitos parabéns pela jornada de crescimento com os teus filhos. Apesar de não ser Pai aprendi muito com estas palavras

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  11. Em “Limites e Amor” o Rodrigo salienta: “O amor traz a possibilidade de aceitação da experiência, em vez da sua repressão. (…) O amor traz uma organização que é sustentada para toda a vida”. Para mim aqui está a orientação principal a dar a quem pretende ser bom pai. Naturalmente, fico muito satisfeito, o campo organizador do Rodrigo considera a experiência como resultante do conflito entre o impulso do prazer e os limites da realidade, o que nos leva a ter em boa conta que em termos de limites do amor aceitamos as consequências da experiência em vez de as rejeitarmos, muito bem, continua.
    Na sequência de comentários anteriores a textos do Rodrigo Dias também neste saliento a experiência de pai, três filhos, e avô, cinco netos (mais velho 25 anos), resultantes de uma única ligação, casamento de quase 56 anos e ainda de pessoa que durante 60 anos de trabalho (18 a 78 anos) nas suas funções de militar e de professor trabalhou com jovens, atuando por vezes em funções semelhantes às de pai. Em primeiro lugar tenho de confessar que em relação aos meus três filhos (duas raparigas e um rapaz) só me arrependo de não ter diligenciado para o rapaz ter concorrido a aluno do Colégio Militar numa altura em que ainda havia guerra do ultramar (1973), nessa altura estava com 37 anos, tinha feito o ensino secundário num colégio interno (Pupilos do Exército), a minha mulher era professora de ensino secundário, tínhamos estado os cinco em Angola (Luanda) e na Guiné (Bissau), parecia-me desagradável colocar os filhos em colégios internos.
    Em termos de ideias que me ficaram destes anos todos posso dizer ao Rodrigo que é muito importante haver coerência nas atitudes e nos valores que se defendem, dando sempre exemplos de boas práticas, a todos os níveis, ou seja, não se ficar pelas teorias; humildade para valorizar e aprender com muito do transmitido pelos filhos quando ingressam no ensino superior e no mundo do trabalho; disponibilidade para colaborar na educação dos netos e manter sempre um espaço material e temporal para, de vez em quando, reunir a família para além de Natal, Páscoa e aniversários.

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    1. Ainda tenho de atravessar esse período misterioso que irá ser a adolescência dos meus filhos, antes de me preocupar com o ensino superior e o mundo do trabalho. Imagino que seja toda uma nova aprendizagem de humildade.

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  12. Parabens..revejo me imenso no sentir e pensar que as suas palavras expressam.
    A paternidade e maternidade são de fato o maior desafio..um desafio diário..permanente em diferentes contextos….um desafio de um todo.

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  13. Já te disse o quão espectacular és enquanto pessoa e pai?! E que tens a maior sorte e felicidade do mundo de ter ao teu lado uma mulher fabuloso e uns filhos incríveis?! :)Lobe uuuu alll e tenho muitas saudades vossas…

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  14. Acredito que educar uma criança permite-nos a possibilidade de irmos além como pessoas, educadores. As crianças têm formas de estar, sentir, de personalidade assim como nós, adultos. E se enquanto seres humanos, fizermos o melhor e estivermos disponíveis para eles, tudo correrá como tiver que ocorrer. Essa liberdade com responsabilidade e escolha talvez nos transmita algo maior: amor incondicional que se traduz em aceitação do outro por quem este é , independentemente de ser criança, adulto.

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  15. Excelente reflexão que me trpuxe à memoria muitas coisas da infancia e adolescência dos meus filhos, Vasco, 31 e Miguel 28.
    Um dos desafios foi parecido com o seu quando o Vasco com 7 anos nessa altura quis deixar crescer uma trança, um rabicho à toureiro, so porque a tia disse que ele tinha um cair do cabelo no pescoço muito bonito. Quis desencoraja-lo com medo que fosse gozado mas o meu marido Tomaz disse que ele tinha que passar pela sua propria experiencia. Deixou crescer sim, foi gozado e mais tarde decidiu cortar.
    Mais tarde ambos Vasco e Miguel quiseram fazer tatuagem e colocar um piercing. Confesso que não gosto nada , esteticamente acho feio, mas não os impedimos. E eles felizmente, pouseram um daquelas tatuagens autocolantes que durou pouco tempo e desistiram do piercing.
    E ainda o Miguel, que sempre teve ar de modelo, quis fazer castings para anuncios piublicitarios, deveria ter uns 12 ou 13 anos. Desta vez foi mais o Tomaz que quis resistir pois consideraeste ambiente de modelos e moda uma futilidade. O Miguel ainda fez um anincio mas lee proprio desistiu.
    É super inportante que saibam pensar pelas suas proprias cabeças e que saibam assumir as suas escolhas.
    Tiveram semanada aos 7 e a chave de casa aos 12 com um bilhete a dizer “Liberdade é responsabilidade”
    Nunca me arrependi da educação que llhes dei/demos. Teve erros como seria inevitavel mas foi sempre pensada e discutida em cada passo e baseada no principio da autonomia, da liberdade de pensamento, da responsabilidade e da tolerañcia
    Grata por me ter evoado estas memorias

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